Presidente recebe Prêmio Nacional de Ciência e compromete financiamento contínuo para pesquisa
Assunção, Agência IP.- O Presidente da República, Santiago Peña, liderou esta quarta-feira a cerimónia de entrega do Prémio Nacional de Ciência 2024, num evento realizado no Palácio do Governo. Lá, ele se comprometeu a fornecer financiamento contínuo e permanente para a promoção da ciência e da pesquisa.
«Quero dar os parabéns aos vencedores, é realmente um mérito enorme, são anos de trabalho aqui, e isto está a fazer a Pátria; Fazer pesquisa no Paraguai é fazer Pátria”, disse o presidente em seu discurso.
Destacou que nos últimos anos a comunidade científica e académica conseguiu muito, mas reconheceu que “ainda há muito progresso a fazer”.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer, e onde for a minha vez continuaremos a apostar, tenho o compromisso de deixar, antes do final do mandato, um financiamento contínuo e permanente para o programa de ciência”, disse o presidente .
Indicou que o objetivo é que o fundo do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Conacyt) seja um fundo permanente instituído no Orçamento Nacional.
“Porque tal como hoje investimos na saúde e ninguém contesta que temos que investir mais na saúde ou na educação, temos que instalar esse mesmo conceito na promoção da ciência e da investigação”, disse o presidente.
O Prêmio Nacional de Ciência 2024 reconheceu o trabalho investigativo denominado “Filogeografia e transmissão de Mycobacterium tuberculosis abrangendo prisões e comunidades vizinhas no Paraguai”, realizado por um grupo de cientistas paraguaios que foram acompanhados e orientados por pesquisadores do Brasil e da Espanha.
A equipe de pesquisa é chefiada pela Dra. Gladys Estigarribia Sanabria, que em seu discurso desta quarta-feira afirmou que o Prêmio Nacional de Ciência é um poderoso lembrete de que com visão, rigor científico, comprometimento e trabalho em equipe podemos transformar realidades.
“Somos uma equipe ainda considerada júnior nas ciências nacionais, mas este prêmio nos dá um impulso de confiança e nos incentiva a continuar trabalhando por um Paraguai melhor”, expressou.
A pesquisadora incentivou seus pares a continuarem trabalhando com a firme convicção de que cada passo que damos no caminho da ciência nos aproxima de um Paraguai mais justo, saudável e livre de epidemias como a tuberculose.
O trabalho “Filogeografia e transmissão do Mycobacterium tuberculosis em presídios e comunidades circunvizinhas no Paraguai” é resultado de uma linha de pesquisa de quase 10 anos que aborda um grande problema de saúde pública, a tuberculose em penitenciárias.
«Este trabalho se encarregou de demonstrar como esse problema de saúde atinge cada vez mais as pessoas privadas de liberdade. O Paraguai tem hoje a maior taxa de incidência das Américas em suas prisões e esse problema se espalha da prisão para a sociedade”, disse Estigarribia.
Ele ressaltou que dos 4.000 casos de tuberculose por ano registrados no Paraguai, 25% deles ocorrem nas prisões e outros 25% ocorrem na comunidade, mas por causa das prisões. “O problema da saúde prisional não é apenas um problema dos privados de liberdade, é um problema da comunidade”, disse ele.
Ele destacou que essas evidências foram aceitas para serem publicadas em uma das revistas de maior prestígio do mundo na área da saúde, a Nature, e posteriormente no The Lancet.
“Nestas publicações somos os primeiros autores de pesquisadores paraguaios, do interior do país, contribuindo com conhecimento e, o mais importante, com financiamento do Conacyt”, disse Estigarribia.
«Isso não seria possível se não estivesse o Conacyt, que aos poucos tem conseguido apoiar os pesquisadores, apoiar e facilitar aqueles de nós que querem ser pesquisadores. O investimento em pesquisa constrói cidadania”, concluiu.