Paraná

Investimento de R$ 70,4 milhões: Paraná inicia contratação da melhor cobertura meteorológica do País


O governador Carlos Massa Ratinho Junior autorizou nesta quarta-feira (18), em Jandaia do Sul, no Vale do Ivaí, a abertura do processo licitatório para a implantação do projeto Monitora Paraná. A iniciativa prevê a aquisição de três novos radares meteorológicos de última geração, com investimento de R$ 70,4 milhões, fazendo com que o Paraná tenha a melhor e mais completa cobertura meteorológica do Brasil.

Os equipamentos serão do tipo Doppler com polarização dupla, que representam o que há de mais moderno em tecnologia meteorológica em todo o mundo. “É um grande investimento para nos ajudar no enfrentamento a eventos climáticos e no planejamento da agricultura. Teremos os equipamentos mais modernos do mundo aqui, com os mesmos radares que são usados no Japão, Estados Unidos ou Reino Unido. Isso consolida o Paraná como uma referência no uso da tecnologia para dar mais qualidade de vida e segurança aos seus cidadãos”, disse Ratinho Junior.

O processo, conduzido pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) e Instituto Água e Terra (IAT), órgãos vinculados à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), está estruturado em três lotes, cada um voltado à aquisição de um tipo específico de radar, pensado para atender às diferentes realidades regionais do Paraná.

O recurso utilizado é proveniente da indenização da Petrobras em razão de um derramamento de óleo causado pela empresa no Rio Iguaçu, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), em julho de 2000.

Atualmente, o sistema de monitoramento do Simepar conta com um radar de banda X em Curitiba e dois radares de banda S, localizados em Teixeira Soares e Cascavel, com alcance de até 480 quilômetros. A nova etapa prevê a instalação de três novos equipamentos: um radar de banda X em Pontal do Paraná, no Litoral; um de banda C, em Campo Magro, na RMC; e outro de banda S, em Jandaia do Sul, previsto para ser instalado na futura sede da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que teve a ordem de serviço para início dos trabalhos assinada também nesta quarta-feira (18).

“São radares de três bandas diferentes, para que o modelo meteorológico paranaense fique completo e para que nenhuma fúria da natureza passe despercebida. Vamos monitorar todo o Paraná, protegendo nossos moradores e alertando nossos agricultores”, afirmou o secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca.

O monitoramento dos equipamentos será sobreposto, o que vai auxiliar os meteorologistas a cobrir “pontos cegos” que apareciam nos mapas – obstruções físicas como, por exemplo, as montanhas da Serra do Mar.

Essa estrutura estará integrada à Rede de Prevenção de Acidentes Meteorológicos e Hidrológicos (REPAMH) e ao Sistema Integrado de Gestão de Riscos (SIGRisco), ampliando significativamente a capacidade do Simepar de prever, alertar e responder a eventos extremos.

“Com as mudanças climáticas, é cada vez mais importante ter sistemas confiáveis e precisos para ter maior previsibilidade. Com isso, teremos ações mais seguras e assertivas para prevenção a eventos críticos, como chuvas torrenciais, estiagens prolongadas ou incêndios florestais”, afirmou o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.

TECNOLOGIA – Cada tecnologia de radar apresenta características específicas que farão com que o Paraná tenha a melhor cobertura meteorológica do País. O radar de banda S, que será instalado em Jandaia do Sul, oferece o maior alcance de monitoramento, podendo detectar fenômenos meteorológicos a distâncias de até 400 quilômetros.

Pela cidade, passam sistemas de tempestades severas que se formam no Paraguai e vêm para o Norte do Estado causando inundações, deslizamentos ou ventos muito fortes associados a granizo. O radar de banda S, que será instalado no município, apresenta excelente resistência a condições meteorológicas adversas, operando com precisão mesmo durante chuvas intensas, o que é fundamental para o monitoramento de eventos climáticos extremos.

O radar de banda C, previsto para Campo Magro, opera com uma tecnologia equilibrada entre alcance e resolução. Com capacidade de monitoramento em distâncias intermediárias de 50 a 200 quilômetros, esta tecnologia é especialmente adequada para acompanhar fenômenos meteorológicos regionais e oferece menor interferência causada por chuvas intensas em comparação aos radares de frequências mais altas.

Já o radar de banda X, que será instalado em Pontal do Paraná, no Litoral, destaca-se pela alta resolução de imagens, permitindo a detecção precisa de fenômenos meteorológicos em pequena escala. Esta tecnologia é capaz de identificar partículas pequenas e oferece imagens com resolução superior, sendo fundamental para o monitoramento detalhado das condições meteorológicas na região litorânea.

“Com essa expansão, passaremos a contar com uma rede híbrida de radares que alia longo alcance, cobertura intermediária e alta resolução. Essa configuração atende com precisão às particularidades climáticas do Paraná, como as chuvas intensas no Litoral e os episódios de granizo no Norte do Estado”, destacou o diretor-presidente do Simepar, Paulo de Tarso.

CRITÉRIOS TÉCNICOS – Para participar da licitação do projeto, as empresas concorrentes precisarão seguir critérios técnicos na qualidade dos equipamentos ofertados e na instalação. Para cada radar será necessária a construção de uma torre acima de 30 metros, em local sem obstáculos e sem interferências, e a antena do radar precisará ser protegida por uma redoma.

IRRIGAÇÃO – Uma das principais aplicações práticas das antenas será na programação dos produtores agrícolas em áreas que sofrem com longos períodos sem chuvas e que demandam irrigação. Com mais previsibilidade, o uso de recursos poderá ser mais preciso e a produção, mais eficiente.

A ideia é que as informações meteorológicas do Monitora Paraná sejam usadas conjuntamente com as ações do Programa Estadual de Irrigação, que tem como objetivo aumentar em 20% a área irrigada no Estado.

“O Vale do Ivaí e a região Noroeste do Estado, por exemplo, têm longos períodos sem chuva. Este radar aqui de Jandaia do Sul vai ajudar na programação precisa de chuvas, para que o agricultor saiba quando vai ter água de chuva ou quando vai precisar usar água de irrigação”, disse o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.

INDENIZAÇÃO – A indenização da Petrobras é referente à Ação Civil Pública (ACP) de compensação dos danos morais coletivos e difusos em razão do vazamento de petróleo da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na RMC, ocorrido em julho de 2000.

Na época, houve o vazamento de cerca de 4 milhões de litros de petróleo de uma válvula do oleoduto que transportava o combustível fóssil do porto de São Francisco, em Santa Catarina, até a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária. Os impactos do acidente alcançaram 40 quilômetros de extensão do Rio Iguaçu, além de contaminar aproximadamente 140 hectares de solo, o que trouxe sérios prejuízos à fauna e à flora da região do Alto Iguaçu.

Os recursos serão aplicados pelo Governo do Paraná em ações de conservação, proteção e recuperação de áreas de proteção ambiental, como encostas, rios e mananciais. Parte do valor também poderá ser utilizada para ações que visem a redução da geração de resíduos sólidos, a implantação e fiscalização de parques públicos, viveiros florestais e centros de triagem de animais silvestres e iniciativas de educação ambiental.

O acordo prevê que 5% do valor sejam utilizados para projetos que venham ser apresentados por Araucária, área mais afetada pelo desastre, bem como outros 5% para programas que beneficiem a bacia hidrográfica do Alto Iguaçu, que envolve áreas nos municípios de Curitiba, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais e outros.

O restante será dividido em ações voltadas para as Unidades de Conservação estaduais e federais e projetos oriundos do Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema), criado por meio da Lei Estadual 12.945/2000. Essa lei tem a finalidade de concentrar recursos para financiamento de planos, programas e projetos sobre o controle, a preservação, a conservação e a recuperação do meio ambiente, com verbas do Estado, União e municípios, além de multas e decisões judiciais por infrações ambientais, como no caso da ação envolvendo a Petrobras.

Além do Monitora Paraná, a Justiça Federal já autorizou o Paraná a executar R$ 586 milhões para financiar projetos de reparação ambiental no Estado com recursos da indenização do incidente no Rio Iguaçu.

A liberação para uso imediato de parte da verba é resultado de diversas reuniões que envolveram o Governo do Paraná e os Ministérios Públicos Estadual e Federal. O valor total da verba compensatória depositada em juízo pela Petrobras, com juros e correções, é de aproximadamente R$ 1,2 bilhão.

HISTÓRICO – Após duas décadas tramitando no Judiciário, o acordo para o pagamento da indenização por parte da Petrobras foi celebrado em 2021. Porém, atendendo à Ação Civil Pública (ACP) promovida pelo Ministério Público do Estado do Paraná, a Justiça Federal suspendeu, em março de 2022, o repasse dos valores.

A decisão original previa o repasse de R$ 930 milhões do Fema para aplicação em ações ambientais no Paraná. Parte deste montante, na ordem de R$ 105 milhões, havia sido liberada antes da suspensão e foi aplicada pelo IAT na compra de caminhões para ajudar os municípios no abastecimento de água, combate a incêndios, limpeza de calçadas e na gestão de resíduos sólidos.

Além dos valores financeiros, a Petrobras se comprometeu a remediar os danos causados e tomar medidas para evitar novos desastres ambientais.

PRESENÇAS – Também acompanharam o evento os secretários estaduais João Carlos Ortega (Casa Civil), Guto Silva (Cidades), Márcio Nunes (Agricultura e Abastecimento), Beto Preto (Saúde), Sandro Alex (Infraestrutura e Logística) e Alex Canziani (Inovação e Inteligência Artificial), além do chefe da Casa Militar, coronel Marcos Tordoro; o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado estadual Alexandre Curi; a deputada federal Luísa Canziani; os deputados estaduais Anibelli Neto, Adriano José e Pedro Paulo Bazana; o prefeito de Jandaia do Sul, Benedito José Pupio (Ditão); o reitor da Universidade Federal do Paraná, Marcos Sunye; e o subchefe da Casa Civil, Lúcio Tasso.

Agência de Notícias do Paraná

Agência Estadual de Notícias do Estado Paraná

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