Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba celebra 140 anos de história, desenvolvimento e turismo
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O Paraná comemora neste mês de fevereiro os 140 anos da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, que abriga o passeio de trem que liga a Capital a Morretes – eleito um dos melhores do mundo. A celebração aconteceu nesta sexta-feira (21) em Morretes, no Litoral, e contou com a presença de autoridades, como o vice-governador Darci Piana, e representantes da Secretaria do Turismo (Setu-PR) e do Viaje Paraná – órgão de promoção comercial do setor.
Inaugurada oficialmente em 5 de fevereiro de 1885, o principal objetivo da ferrovia era facilitar o transporte de cargas e de diferentes insumos que o Paraná produzia na época, como a erva-mate, que representava uma grande parcela da economia do Estado. Hoje, além de sua relevância no transporte de cargas, ela também carrega o turismo como destaque, graças ao passeio até Morretes, considerado um dos trajetos ferroviários mais bonitos do mundo.
A celebração alusiva aos 140 anos da ferrovia aconteceu no recém-inaugurado Stazione. Antes situado no centro histórico de Morretes, o espaço agora atende em local mais amplo e confortável, elevando o nível do atendimento aos turistas na cidade. Às margens do Rio Marumbi, o restaurante se integra com a imponente Serra do Mar e a exuberante Mata Atlântica, proporcionando um cenário natural e aconchegante para viajantes, sobretudo, os que realizam o passeio de trem turístico.
“É importante celebrar os 140 anos da nossa estrada de ferro, onde opera um dos nossos principais atrativos paranaenses, que atrai visitantes nacionais e internacionais. A inauguração do novo Stazione também é simbólica, pois a Morretes faz bom proveito e entende o potencial turístico que está envolvido na ferrovia”, disse Camila Aragão, diretora-geral da Setu-PR.
EXPERIÊNCIA – Situada em meio à maior área contínua preservada de Mata Atlântica Brasil, seu trajeto conta com 108,2 quiômetros de extensão, ligando a capital paranaense à cidade de Paranaguá, onde está localizado um dos principais portos da região sul do Brasil. No caminho, a estrada faz parada também em Morretes, onde é o final do passeio de trem turístico, sendo um importante indutor de visitantes nacionais e internacionais à cidade.
O itinerário conta com paisagens deslumbrantes, além de passar por 41 pontes, dezenas de pontilhões, 13 túneis e marcos da engenharia, como o Viaduto do Carvalho e a Ponte São João, que possui 113 m de comprimento e um vão livre de 70 m.
Irapuan Cortes, diretor-presidente do Viaje Paraná, afirma que a celebração desta sexta-feira deve ser um compromisso e reconhecimento da importância da ferrovia, tanto à historia, quanto a economia e, também, ao turismo paranaense.
“Essa ferrovia, atualmente, está ligada diretamente aos avanços e reconhecimentos do Turismo do Paraná, porque ela é responsável pela captação de muitos visitantes e curiosos. Precisamos mesmo celebrar esses 140 da estrada de ferro, porque estamos acertando muito neste aspecto, incentivando o uso de estruturas que fizeram parte da nossa história, valorizando a nossa cultura e a convertendo em produtos turísticos qualificados e atrativos”, disse.
A ESTRADA DE FERRO – A origem da ferrovia está diretamente ligada com os irmãos Antônio e André Rebouças, os primeiros engenheiros negros do Brasil. Em 1865, André teve a inspiração de construir uma estrada que ligasse Curitiba até Antonina, o que contribuiria para o desenvolvimento econômico da região. Na época, a ideia não foi levada adiante.
Anos mais tarde, empresários e barões da erva-mate reivindicaram novamente a necessidade de transportar suas cargas até o Litoral de forma mais rápida, superando as limitações sofridas pelos animais de carga. Em 1873, Antônio Rebouças entregou ao presidente da província do Estado do Paraná o projeto de construção da Estrada de Ferro, que ligaria a cidade de Antonina a Curitiba.
O engenheiro morreu no ano seguinte e o projeto passou para Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que já havia construído a primeira ferrovia do Brasil, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis. Em 1875, por decreto imperial, foi definido que a estrada não partiria de Antonina, mas sim de Paranaguá.
O início das obras ocorreu com a presença do Imperador Dom Pedro II, que lançou a pedra fundamental da construção no dia 5 de junho de 1880. Detalhe interessante e progressista para a época é que, conforme pedido especial dos irmãos Rebouças, o Imperador proibiu a utilização de mão de obra escrava na construção da ferrovia.
HISTÓRIA VIVA – Em setembro do ano passado, Morretes ganhou um espaço cultural e turístico, com foco em manter viva a história da ferrovia. A Casa da Memória Éric J. Hunzicker fica dentro da Estação Ferroviária, importante ponto de visitação da cidade, e retrata personalidades, aspectos culturais e a evolução da linha férrea. Saiba mais AQUI.
NOVO ESPAÇO – O Stazione, novo espaço gastronômico inaugurado em Morretes, é administrado pela Serra Verde Express – operadora do trem que desce a Serra do Mar. Especializado na cultura e no preparo do Barreado, prato típico de municípios litorâneos, o restaurante agora tem capacidade para mais de 250 pessoas, propagando ainda mais a cultura do prato – um dos produtos paranaenses com selo de Indicação Geográfica (IG).
De acordo com Adonai Arruda Filho, diretor-geral da Serra Verde Express, o novo espaço valoriza também a cultura criada nas atividades da ferrovia, que trouxe a Morretes o desenvolvimento econômico junto da atividade turística. “A ampliação do Stazione Morretes era uma demanda antiga, pois precisamos atender à alta demanda de visitantes e oferecer um espaço diferenciado para eventos sociais e corporativos”, comenta.
“Com essas inovações, reafirmamos o compromisso da Serra Verde Express com a qualidade, a tradição regional e o bem-estar de seus clientes, consolidando-se como um ponto de encontro que celebra o melhor da cultura e da natureza da região”, acrescenta Arruda Filho.