Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz homenageia Irmã Terezinha no I Congresso Internacional de Migração e Refúgio

“Esperança em Movimento” é o tema que tem como base a frase acolhedora de Dom Helder Câmara, “As fronteiras só existem onde não há amor”. O Congresso Internacional de Migração e Refúgio é promovido pela Cáritas Brasileira e reúne mais de 250 participantes e representações de diferentes países da América Latina e da Europa.
A programação teve início segunda-feira e vai até quinta (25). Todas as atividades acontecem no espaço do Recanto Cataratas, em Foz do Iguaçu.
A Mesquita participou da mesa de abertura e destacou a importância da temática para a comunidade árabe e para o mundo. O objetivo do congresso é discutir os fenômenos da migração, do refúgio e da apatridia, no contexto do Jubileu da Esperança. Com ênfase nas dinâmicas atuais agravadas pela crise climática e pelo tráfico de pessoas, buscando compreender os impactos desses fatores na mobilidade humana forçada e na garantia dos direitos.
Durante o evento, o Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz-CCBI homenageou a Irmã Terezinha Maria Mezzalira. Uma bonita trajetória humanitária, em especial, na atuação desde o início da fundação da Casa do Migrante, inaugurada em junho de 2008 e na operação Raízes do Cedro, missão do governo brasileiro para repatriação de brasileiros do Líbano. “Comecei sendo religiosa em 1978, trabalhei no Paraguai e também na África do Sul. Temos a missão de trabalhar com migrantes e refugiados”, conclui Mezzalira.
Mesquita
O líder religioso da Mesquita de Foz, Sheikh Oussama El Zahed fez um discurso emocionante e esteve ao lado de autoridades, entre elas, Enio Verri, diretor-geral da Itaipu, Dom Geremias Steinmetz, arcebispo metropolitano de Londrina e referência da Cáritas Brasileira Regional Paraná, Dom Sérgio de Deus Borges, bispo da Diocese de Foz, o prefeito, General Silva e Luna e Iñaki Olazabal Otero, representante da Cáritas Espanha, entre outros.
“Estou representando à comunidade árabe que mais sofre com o refúgio. Louvado seja Deus que fez os povos para que se conhecessem e cooperassem. Falar de migração e refúgio é falar de um sofrimento humano profundo. Trabalhar para aliviar a dor do ser humano é uma forma de se aproximar do Criador”, destaca o líder religioso da Mesquita de Foz, Sheik Oussama El Zahed.

Congresso
O congresso é espaço para refletir sobre os desafios e esperanças em torno da mobilidade humana, buscando construir ações e políticas públicas que promovam acolhida, solidariedade e dignidade. “A existência da Tríplice Fronteira atrai pessoas, pessoas que às vezes tem o direito de escolher seu destino, infelizmente muitas não têm este direito e fogem para o primeiro destino que for possível. Foz do Iguaçu acaba6 sendo este espaço. Naturalmente o mundo hoje passa por esta crise de pessoas procurando onde tenha paz e possa ser acolhida. O projeto “Todos os Povos”, da Itaipu com a Cáritas é exatamente isto, fazer a recepção destas pessoas que vêm de fora e dar-lhes qualidade de vida”, ressaltou o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri.
Dados
De acordo com dados do Boletim da Migração, divulgado pela Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em 2024, foram registrados 194.331 novos migrantes no Brasil. Os venezuelanos lideram a lista de abrigados (94.726 pessoas). Outros Estados da América do Sul também se destacaram com pedidos de acolhimento em território brasileiro e, juntos, representaram 51.033 registros no ano passado.
Rima Alzarzouri é refugiada síria e chegou ao Brasil há 8 anos. “Temos uma crise atual de guerras e conflitos, seja em Gaza/Palestina, Rússia/Ucrânia e outros. A própria mudança climática força este movimento de pessoas e precisamos olhar para isto. Como imigrante eu sei, o Brasil me acolheu e me ajudou a levantar. Hoje sou voluntária na Cáritas, conseguimos ajudar unindo as mãos”.
Cultura do Encontro
O evento traz debates aprofundados sobre a cultura do “encontro”, a necessidade de acolhimento para quem foi forçado a deixar seu país, seja por questão econômica, ambiental ou conflito armado. Para Márcia Ponsi, secretária regional da Cáritas Regional Paraná, o tema é desafiador e atual. “Uma crise humanitária com mais de 200 milhões de pessoas sendo forçadas em movimento de mobilidade no mundo todo. A cultura do encontro é caminhar junto. E promove a quebra dos estereótipos do medo, medo daquilo que nos é estranho. Todos nós somos migrantes. Somos diversos, mas não desiguais”, concluiu.