Lenda das Cataratas: conheça a Naipi e Tarobá
Você já deve ter ouvido muitas histórias de lendas e folclores brasileiros durante sua infância, ou até mesmo ter contado para alguém uma dessas histórias misteriosas que existem pelo Brasil. Mas você já ouviu falar da lenda das Cataratas? É uma história de amor que aconteceu há muito tempo, antes mesmo das Cataratas se formarem…
Há muitos anos atrás, quando tudo aqui era só floresta e água, moravam nas redondezas, entre os rios Paraná e Iguaçu a tribo de índios Caigangues. Eles viviam em completa harmonia com os elementos da natureza, principalmente a terra e a água. Acreditavam fielmente que existia um Deus das águas, chamado M’Boi, uma serpente gigante que habitava as águas dos rios que os cercavam.
M’Boi era filho de Tupã, que seria como um Deus dos índios, criador de tudo. Sendo assim, os Caingangues o respeitavam muito muito neste ser, sendo qualquer enchente, falta de peixes ou água poluída, atribuído a algum tipo de castigo vindo de M’boi.
Eis que em uma época começou a faltar muitos peixes. Os índios passaram a se preocupar com sua tribo passando fome, então decidiram fazer um trato com a serpente gigante: a cada ano uma das índias mais bonitas seria entregue à ele como forma de pagamento para ele sempre dar peixes e água fresca aos índios. M’boi aceitou a oferta, e era um orgulho para a linda índia ser escolhida para ser o presente do Deus das águas.
Um belo ano Naipi, filha de Igobi, o cacique da tribo, foi a escolhida. Ela era a índia mais bonita e inteligente de toda a tribo, tão linda que as águas do Iguaçu paravam quando nelas a jovem se mirava. Então começaram os preparativos para a festa de entrega, estavam todos felizes e o cacique muito orgulhoso da escolha de M’boi. A aldeia toda fora enfeitada, e preparado muito “cauim” – bebida típica distribuída fartamente na cerimônia que aconteceria dali a alguns dias. E foi quando Tarobá avistou Naipi em uma das danças típicas da tribo e se apaixonou por aquela linda índia.
Tarobá era um dos índios mais fortes de toda a tribo e sabia que Naipi era a grande prometida ao Deus das águas, mas a paixão era tão forte que ele decidiu deixar todas suas crenças de lado para ir falar com ela, e foi amor à primeira vista. Os dois sabiam que seria um amor proibido, pois se M’boi descobrisse todo o acordo e o respeito aos antepassados seria quebrado, mas eles deixaram tudo para trás para naquela noite mesmo fugirem juntos.
Então decidiram esperar uma hora em que a grande serpente estivesse dormindo no fundo do rio para pegarem a canoa e fugirem de todos. Caiu a noite e M’boi desceu até o fundo das águas adormecendo. Tarobá viu que era a hora certa e chamou Naipi para partirem, então entraram em uma canoa e remaram rio adentro. O movimento das águas acordou M’boi que despertou furioso com o incomodo, e subiu até a margem para ver o que estava acontecendo até que avistou sua índia em uma canoa com outro homem indo embora. Tomado pela raiva a grande serpente nadou em direção aos dois, que já estavam quase chegando ao rio Paraná, onde o Deus das águas não tinha permissão para ir.
M’boi percebeu a intenção de Tarobá em fugir pelo rio Paraná. Com fúria levantou seu enorme corpo e mergulhou violentamente rio abaixo. Abriu-se então uma enorme fenda onde os fugitivos desaparecem e as águas formaram assim as Cataratas do Iguaçu.
O grande Deus Tupã furioso com toda essa briga e traições, decidiu castigar os três protagonistas dessa história, transformando então Naipi em uma grande rocha, Tarobá em uma palmeira, e M’boi foi aprisionado para sempre dentro da garganta do diabo. Diz a lenda que se avista a rocha e a palmeira andando pelas trilhas das Cataratas.