Histórias

História do Paraná

A História do Paraná é uma série de conhecimentos da história do Brasil, que se volta para o estudo dos fatos históricos a partir das primeiras expedições exploradoras, no século XVI, até hoje. Entretanto, a história estadual se inicia antes do descobrimento do Brasil, no momento em que os primeiros moradores do que é hoje o território do estado foram os três povos indígenas, a saber: tupi-guaranis, caingangues e xoclengues. As primeiras cidades fundadas no estado são Paranaguá, Curitiba, Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Lapa, Guarapuava e Palmas. Os primeiros moradores das terras que hoje pertencem ao estado do Paraná durante a época em que os portugueses descobriram o Brasil, são os carijós na costa, do grupo tupi e os caingangues do jê.

No período pré-colonial, a região ficou, no século XVI, esquecida por Portugal e foi explorada por demais países, que buscavam especialmente madeira de lei. As mais importantes expedições foram as espanholas, trazendo os religiosos da Companhia de Jesus, que fundaram centros de povoamento no oeste do Paraná, estado cujo território pertencia em grande parte à coroa Espanhola. Entre 1521 e 1525, a região do quadrilátero fluvial formado pelos rios Paraná, Paranapanema, Tibagi e Iguaçu teria sido percorrida por Aleixo Garcia, liderando uma bandeira, a qual ultrapassou o Rio Paraná perto das Sete Quedas e chegou até a Cordilheira dos Andes. Em janeiro de 1542, o conquistador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca, seguindo pelo Caminho de Peabiru, chegou às Cataratas do Iguaçu, sendo o primeiro europeu a descrevê-las, na sua obra “Comentários”. Além de Cabeza de Vaca, também passaram pelo atual território do Estado do Paraná, os exploradores alemães Hans Staden, em 1549, e Ulrich Schmidl, em 1552. Em 1554, Ontiveros, a uma légua do Salto das Sete Quedas, foi fundada por Domingo Martínez de Irala, Governador do Paraguai. Posteriormente, há três léguas de Ontiveros, foi fundada a Ciudad Real del Guayrá, na foz do Rio Piquiri. Em 1576, os espanhóis fundaram à margem esquerda do rio Paraná, Vila Rica do Espírito Santo. Com três cidades e diversas “reduções” ou “pueblos” a região era à época conhecida como “Provincia Real del Guaira”. Nos primeiros anos do século XVII, depois de se descobrir ouro em terras paranaenses, os luso-brasileiros iniciaram a ocupação da região, através de bandeiras que saíam de São Vicente. Já em 1629, os estabelecimentos dos padres jesuítas, exceto Loreto e Santo Inácio, sofreram destruição completa dos bandeirantes paulistas e, em 1632, Antônio Raposo Tavares cercou e destruiu Vila Rica, último reduto espanhol com capacidade para que fosse oferecida resistência.

No Paraná, uma região aurífera foi descoberta, antes de Minas Gerais. Os povoadores se estabeleceram assim no litoral como no primeiro planalto paranaense. O povoamento era mais concentrado em Paranaguá, núcleo, por certa época, da sociedade mais meridional da América Portuguesa. Quarenta e quatro anos após Paranaguá ter sido fundada (1648), em 1693, Curitiba foi elevada à categoria de vila, sendo transformada no centro que comandaria a expansão territorial do Paraná. Era muito difícil explorar o ouro, porque não eram conhecidos métodos de exploração decentes, e também porque a mão de obra era escassa. Dessa forma, durante a descoberta de ouro em Minas Gerais, esse minério do Paraná deixou de ser totalmente importante. Apenas em 1820 o território ocidental do Paraná foi entregue à coroa portuguesa passando a ser politicamente anexo à Província de São Paulo, recebendo o nome de “Comarca de Curitiba”. O povo parnanguara começou a se dedicar à lavoura e o curitibano, à pecuária. Curitiba prosperou porque era necessário alimentar e transportar os mineradores das Minas Gerais. Com o Caminho Viamão-Sorocaba aberto, o qual fazia a ligação entre o Rio Grande do Sul e São Paulo por intermédio da região de Curitiba, teve início uma fase nova no histórico paranaense: o tropeirismo, o qual havia se estendido pelos séculos XVIII e XIX. Espalharam-se as fazendas de pecuária e a figura humana principal começou a ser o fazendeiro tropeiro, ou seja, aquele que vendia tropas de gado, principalmente muar.

A comarca de Paranaguá e Curitiba, que integrava a Capitania de São Paulo, foi fundada em 19 de novembro de 1811. Mesmo após a independência do Brasil ter sido proclamada, a região se subordinava continuamente à Província de São Paulo. Em 6 de fevereiro de 1842, Curitiba foi elevada à categoria de cidade por uma lei provincial paulista. Em 29 de agosto de 1853, enfim, o imperador Pedro II do Brasil assinou a Lei Imperial n.º 704, que criou a Província do Paraná, a qual foi criada por motivos diversos. Podem ser citados três: uma punição pela participação dos paulistas na Revolta Liberal de 1842, um acordo pelo apoio oferecido pelos paranaenses à Revolução Farroupilha e o cultivo lucrativo da erva-mate; Curitiba foi transformada em capital e Zacarias de Góis foi nomeado como o primeiro presidente da província. Naquele tempo, ademais do comércio de gado, a produção de erva-mate se expandiu muito. Devido à reduzida população provincial, foi iniciado um programa oficial de imigração europeia (especialmente poloneses, alemães e italianos), o qual colaborou para que fossem expandidas a colonização e o aparecimento de novas economias. Após a República ter sido proclamada (1889), intensificou-se o povoamento do Paraná, principalmente na região das terras roxas do norte do estado. Ali, fazendas cafeeiras e cidades se fixaram nos talvegues dos três rios: Paranapanema, Cinzas e Jataí. Durante a administração do presidente Floriano Peixoto, a Revolução Federalista e a Revolta da Armada repercutiram no Paraná, em que foram travados muitos combates. Em 1912, iniciou-se a Guerra do Contestado, duelo de oposição entre os habitantes empobrecidos da região que se situa dentre os rios Uruguai, Pelotas, Iguaçu e Negro, e as forças oficiais, além do Paraná e Santa Catarina disputarem a área, motivando a denominação e o conflito acabou em 1916.

Primeiros tempos

Até a metade do século XVII, o litoral sul da capitania de São Vicente, que atualmente faz parte do estado do Paraná, recebeu visitas esporádicas de europeus à procura de madeiras de lei. No período de domínio espanhol, estimulou-se que os vicentinos contatassem com a bacia hidrográfica do rio da Prata e percorria-se a costa meridional com muita frequência. O litoral sul do Brasil era explorado com intermitência, ou seja, com intervalos momentaneamente interrompidos e isso motivou que indígenas e minérios fossem procurados. Do litoral os paulistas foram adentrados para oeste, procurando indígenas, ao mesmo tempo que, a leste, na região onde atualmente encontram-se localizadas as cidades de Paranaguá e Curitiba, a principal atividade econômica era a mineração.

Índios caiouás em 1860 no Paraná. Aos indígenas, o paranaense deve o nome de seu estado e de muitas de suas cidades.

As lendas nas quais os colonizadores acreditavam existir grandes jazidas de ouro e prata fizeram com que um sem-número de aventureiros fosse atraído à região de Paranaguá. O nobre e militar português Salvador Correia de Sá, que em 1613 tomaria posse da superintendência das minas do sul do Brasil, ali esteve por três meses, no momento em que seu trabalho era feito por cinco especialistas contratados diretamente de Portugal. Mas não foi encontrada nenhuma onça de ouro. O visconde de Barbacena enviou para as minas do sul do Brasil o espanhol Rodrigo de Castelo Branco, que tinha profundos conhecimentos sobre as jazidas do Peru. Em 1680, uma carta foi escrita à bico de pena ao monarca lusitano demonstrando-o igualmente mais desiludido a respeito da lenda das minas de prata.

Nos últimos anos do século XVII, abandonaram-se os sonhos dos grandes e ricos minérios, foi continuado o trabalho de extrair do ouro de aluvião, que se diz “de lavagem”, por meio do qual os poucos habitantes do litoral paranaense estiveram à procura de recursos para comprar produtos de outros lugares. Ao saber que os índios fugitivos não desejavam ser exterminados, os colonizadores os colocavam para trabalhar na lavoura, na extração da madeira e outros serviços. A utilização dos escravos vindos da África teve início no século XVIII e de acordo com o censo de 1798 o número de escravos africanos era relativamente maior que o dos índios.

Paranaguá, a primeira cidade fundada no atual território paranaense, elevou-se à categoria de vila por meio de uma carta régia datada de 29 de julho de 1648. Foram formados com a vila de Paranaguá, os chamados campos de Curitiba, cuja altitude gira em torno de mil metros, apenas uma comunidade. A economia de Paranaguá era baseada na agricultura e a pecuária nos campos. Curitiba elevou-se à categoria de vila em 1693. Aos poucos, Curitiba passou ser o centro urbano mais importante do Paraná, e para isso decidiu-se construir a grandeza da estrada do gado, via de transporte estabelecida do Rio Grande do Sul até Sorocaba. Castro é o primeiro município verdadeiramente paranaense, a fundação do município ocorreu em 1778.

Província do Paraná

Por alvará de 19 de fevereiro de 1811, foi criada a comarca de Paranaguá e Curitiba, pertencente à capitania de São Paulo. A 6 de julho do mesmo ano a câmara municipal de Paranaguá dirigiu-se ao príncipe regente para pedir a emancipação da comarca e a criação de nova capitania. Dez anos depois, o movimento denominado Conjura Separatista, liderado por Floriano Bento Viana, formulou abertamente sua reivindicação separatista, mas ainda sem obter êxito.

Fac-símile da Lei Imperial nº 704 de 26 de agosto de 1853 dando autonomia ao Estado do Paraná.

Apesar da atividade política expressa em sucessivas diligências e petições que tinham em vista a emancipação político-administrativa, e mesmo após a independência, continuaram os então chamados “parnanguaras” submetidos aos comandantes da tropa local, uma vez que o governo provincial estava longe e desinteressado daquelas terras. A importância política e estratégica da região avultava com os anos e evidenciava-se com acontecimentos que repercutiram no plano nacional, como a Revolução Farroupilha (1835 – 1845) e a Revolução Liberal de 1842.

Em 29 de maio de 1843, entra em primeira discussão o projeto de lei que elevava a comarca de Curitiba à categoria de província. Durante os debates, destacaram-se os deputados de Minas Gerais e São Paulo. Segundo os deputados paulistas, o verdadeiro motivo da criação da nova província, por desmembramento da Província de São Paulo, seria o de punir esta última por sua participação na Revolta Liberal de 1842. Paralelamente, a economia paranaense, a par do comércio de gado, ganhava incremento com a exportação da erva-mate nativa para os mercados do Prata e do Chile. Eram feitas promessas de emancipação, enquanto prosseguiam as representações e a luta no Parlamento.[8] Finalmente, a 28 de agosto de 1853 foi aprovado o projeto de criação da província do Paraná, que teria como capital provisória (que depois seria confirmada) o município de Curitiba.

A 19 de dezembro do mesmo ano chegou à capital Zacarias de Góis e Vasconcelos, primeiro presidente da província, que desde logo se empenhou em tomar medidas destinadas a impulsionar a economia local e conseguir recursos para as ações administrativas que se faziam necessárias. Procurou encaminhar para outras atividades, mormente de lavoura, parte da mão-de-obra e dos capitais que se empregavam no preparo e comércio da erva-mate. O mais lucrativo negócio da província continuava a ser, no entanto, a invernada e a venda de muares para São Paulo. Essa atividade chegou ao ponto mais alto na década de 1860 e só entrou em declínio no final do século.

Durante o período provincial, o governo do Paraná não alcançou a necessária continuidade administrativa, já que a presidência da província, de livre escolha do poder central, teve nada menos de 55 ocupantes em 36 anos. Os liberais paranaenses organizaram-se sob a liderança de Jesuíno Marcondes e seu cunhado Manuel Alves de Araújo, pertencentes à família dos barões de Tibagi e Campos Gerais, na época a mais poderosa oligarquia na região. Os conservadores eram chefiados por Manuel Antônio Guimarães e Manuel Francisco Correia Júnior, de famílias que controlavam o comércio do litoral.

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